Dia Mundial do Teatro

 
"O homem é um animal que finge - e nunca é tão autêntico como quando interpreta um papel." - William Hazlitt


Não escutaste as pancadas de Molière nem sequer sabes se te desejaram "muita Merda". 


Como saberias?!


Tu nem sequer tivestes tempo para ensaiar o teu papel! Como podias?! Foste empurrado para o palco, entraste em cena... sentiste logo o peso das luzes da ribalta. Choraste numa catarse que emocionou restantes actores secundários e plateia. 


É... tu és o actor principal e vais precisar de todas as muletas possíveis se se não quiseres entrar no buraco.


Claro que no Primeiro Acto, terás apoio dos restantes parceiros de cena. Serás alimentado com deixas e a caco nas tuas brancas... talvez em demasia, mas rapidamente crescerás em palco, mudarás de quadro numa marcação mais ou menos pré-definida (julgas tu por ti...), talvez até engulas os restantes actores... talvez consigas uma interpretação épica que te fará ser ovacionado até pelos pontos cegos da plateia, algo grandioso... algo épico!


Talvez...
Mas não és tu o encenador.


E provavelmente, não saberás verdadeiramente qual o teu papel. Apenas o interpretas o melhor que sabes.
Nesta altura já terás elevado algumas vezes a cabeça e baixado na grande maioria das cenas. Não há comédia que não ria da tragédia alheia, nem drama sem acção. Terás oportunidade para experimentar tudo em palco.


Mas tu não escolhes o momento de entrada nem a saída... apenas representas. Ou se fores mesmo bom actor, vives.

O melhor que conseguires e...


Antes que a peça acabe.
EVOÉ!!!!


 
- foto: Queima do Judas 2016 - Trigo Limpo Teatro Acert (foto de Ricardo Chaves)

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