Sexta, 13



Talvez tenhas a sorte de tropeçar num gato preto... descobrir que estás vivo debaixo uma escada. Sózinho ou com outro ser azarado como tu... Não importa.

Partes o espelho em 13 pedaços sextavados... cortas o vazio da tua existência com as tesouras da vida, fazes a sorte dos vendedores de ilusão e outros jogos. Dizem-te que com o jogo, ajudarás os infortunados. Duvidas seriamente que assim seja... mas tentas. Raspas a pele da sorte, tentas adivinhas os 6 números que veste, as bolas mais pesadas...

Nada.

A Sorte mantém-se calada.Imune aos desgraçados que a procuram ruidosamente.
Pareces ouvir um daqueles risos dos filmes... longínquo, sádico... assustador.

Que te resta agora?
O azar de estar vivo.

Estar vivo... é algo que nem a Sorte tem essa sorte. A Sorte apenas existe porque tu a procuras. É a sua sorte, o seu Jackpot e terminação. Quando muito, aproximas dela... para rapidamente perceberes que não foi Sorte que te calhou nem mudará NADA daquilo que já és.

Esquece a Sorte.

Nunca te prometeu, nada te dará por sua livre e expressa vontade.

Amanhã acordarás. Com o inesperado à tua espera... ali... espreitando os teus infortúnios e distrações.

Mas sabes que mais?

Tens a capacidade de rir dos teus azares.

E isso... nem todos têm essa sorte.

Ou azar.






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