Ilhas em fuga

Vai... faz-te à estrada.

Melhor ainda, apanha um avião, chegarás mais depressa, não perderás tempo em cruzamentos com caminhos que não são os teus... não escutarás conversas alheias enquanto esperas na fila, nem sofrerás com a apatia e desinteresse dos que involuntariamente te rodeiam...

Dizes a ti mesmo que quanto mais rápido chegares, mais terás para ver.

Para ver...

Triste engano.
Tu nem consegues viajar contigo. Não suportas o silêncio que liberta os teus pensamento, memórias e (in)decisões . Próprias e alheias. Não, tu não podes dar ao luxo de te ouvir... precisas sair e chegar o mais rápido lá... Onde quer que seja.

E depois?

Sim, e depois de alimentados os sentidos e o ego narcisista, que fazes?
Regressas, não tens outra opção, não consegues, não podes estar sempre em viagem por aí!!!

Começas a planear a próxima. Caramba! Ainda falta tanto! Atenuas o vazio escarrapachando fotos e vídeos de quão longe foste, viste e compraste. Mostras a todos que por momentos foste o maior, estiveste no topo!

Pois... no topo.

Mas tiveste que descer... não tens as asas nem sequer a nave que te leve mais para cima. Não tens tempo para vencer a luz, não consegues fugir do buraco negro que carregas em ti. Não passas de uma ilha à espera que a maré te traga algo de novo ou alguém que te mostre os caminhos e recantos que possuis mas nunca tiveste a coragem de explorar, de olhar para dentro, de te... sentir.

Preferes fugir. Mas de ti... de ti nunca conseguirás fugir.

Por mais que viajes.


- 18:20 minutos de pura viagem. Interior. -





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