A côr da cicatriz


Por vezes cruzamos com uma foto, um cheiro, música ou video, que nos faz viajar no tempo. Para trás... muito para trás, onde tudo era vivido intensamente com olhos de ver, mãos de tocar e peito de sentir.


Este é um deles.
Kika é um daqueles talentos que tivesse nascido anglófona seria um caso de sucesso mundial. A música -e a letra- só por si seria capaz de encher a parede com as memórias de qualquer um de nós.

Mas o video...

O video leva-nos para aquelas pessoas que eram tudo na nossa infância/adolescência e que subitamente, desapareceram da nossa vida. Linha cortada, futuro desfeito, cicatriz eterna.
Dizem-nos que "vais conhecer mais amigos e amigas"... "ainda és novo"... "isso passa, o tempo tudo cura"...

Mas não.
Por mais pessoas que conheças, por mais gente fantástica e especial que cruze contigo na vida... nunca mais será a mesma coisa. Não há nada mais forte, marcante e definidor, que um amor ou amizade nascido e alimentado nos tempos em que estás a aprender a ser tu. Cicatriz inclusivé.

Para quem "traduzir" a letra, poderá parecer que o video é demasiado infantil...

Talvez...


Mas para quem perde alguém naquelas idades... quem vê uma relação acabar violentamente e perder a côr dos seus dias...

Por mais definição que novas imagens possuam, por mais arco-íris ou paletas que cruze... perdeu-se a profundidade e densidade da côr.

Tal como nas cegueiras temporárias.
Que é o que música apenas... canta.

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