Nevermind


Faz hoje 25 anos que para mim começou o Outono musical.
Não que tudo o que veio depois deste álbum deixasse de ter qualidade... claro que houve, há e certamente virão grandes talentos, músicas e tendências. Mas Nevermind sabe a pôr-do-sol de um daqueles últimos dias de verão: sabemos que talvez seja um dos últimos belos momentos antes da queda da folha e do longo Inverno.

É... Nirvana foi um desses.
Talvez a última banda impactante, e sinceramente, não me parece que tenha surgido algo assim tão grandioso e genial depois do seu desaparecimento. Um dia de sol aqui, outro ali... mas nada que te desperte como um movimento, como algo que fique indelevelmente marcado na História, daqueles que toca em gerações que nunca tiveram o prazer de o viver no momento certo. Restam apenas difusos raios de sol, cada vez menos quentes... por mais que nos exponhamos a eles.

Olhar para este video à posteriori, é... terrível.
Está lá tudo: as águas uterinas, o espermatozóide com o flagelo bifurcado (diferente de todos), a face distorcida de Kurt, num claro sinal de baixa auto-estima, o balançar no candeeiro... o cão que não consegue lamber as próprias feridas, a arma.
Talvez viver fosse demasiado doloroso para o Nirvana cantante, e fez questão de o gritar bem alto logo no primeiro sucesso mundial. Apenas não vimos. Estávamos demasiado sedados e dependentes da sua música para ver além da batida, do álcool e outras euforias.

Mas sabes uma coisa, Kurt? Perdão, eu sei que sabes... para além de um legado musical enorme, deixaste uma filha para sempre marcada pela tua... fuga. Sim, eu sei... todos erramos.
Mesmo os eternos.


PS: Manda cumprimentos ao Freddie Mercury, ao David Bowie e ao Carlos Paião, ok?
Como?! Não sabes falar Português e falta-te o céu da boca?!
Olha...

Nevermind.


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