Conforto passivo e sua ausência


Inconscientemente ou talvez não, julgamos que algumas coisas (para alguns é tudo...) gravitam à nossa volta... como fossemos nós o centro do universo e a razão de existência delas.

Quando digo "coisas" leiam objectos, cheiros, sensações, sabores e... pessoas.
Gente que por vontade própria ou simplesmente, no imobilismo confortável, foi ficando por perto. Testemunha passiva ou cúmplice activo, pouco importa. Esteve sempre lá para o que desse e viesse.
Paradoxalmente, é na presença da sua ausência que notamos a sua existência. E a falta que nos fazem.


Quem viaja, quem lida constantemente com outras realidades, quem sai do ninho protector, saberá do que falo. Não que não nos adaptemos... mas é diferente, falta algo. A mesa onde colocas as chaves, o rodar da fechadura, o calor que vem de dentro, o sorriso... ou apenas o mero cumprimento formal daqueles em que -inconscientemente ou nem tanto assim-, nos especializamos em... ignorar.

Tudo o que sempre esteve ali... e que nos habituámos a conviver, mas não a ver, ou pior... a reconhecer mais que a existência, sua identidade.

Um dia... um dia algo não estará lá. Porque é a Lei da Vida na sua constante mudança, força do Destino talvez... Ou simplesmente... esqueceu-se de nós.

Merecidamente.


 

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