O Alemão, os vicios e as viagens




- "É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela"
                                                      Friedrich Nietzsche


Já que estamos numa de citações daquelas todas famosas,que aparecem nos livros que o Senhorio tem aqui no Sótão, vem-me à memória uma frase batida (não, não é o Sergio Godinho... até porque todos os dias são primeiros dias para o resto da minha vida), daquelas que as pessoas repetem porque acham graça, mas raramente percebem o real significado, a sua essência.



"Só deixa de doer quando arranjares outra dor

Ena! A primeira vez que ouvi esta verdade suprema, estava agarrado ao meu pé mandante, depois de ter tido um encontro de 1º grau com um cotovelo pontiagudo e mais duro que as contas no final do mês. Escusado será dizer que não tardou muito para concluir que a frase é mesmo verdadeira e que a minha canela proporciona limites dolorosos que até então eu desconhecia. Qual pé, qual que?!!! C-a-n-e-l-a! Mais tarde as dores foram mudando de local... uns mais interiores que outros. Mas como dizia o tal fulano alemão que não era o Alzheimer, o que não nos mata torna-nos mais fortes. Ponham Like nisso que é mesmo assim! Até diria mais... mais fortes e mais frios :)

Mas aqui o Inquilino tem uma pequena adaptação, um upgrade para esta verdade. Digamos que lhe mudei a roupagem, mas no fundo é a mesma coisa.

"Só se substitui um vício por outro vício" - by o Inquilino do Sótão.

Que foi? Já ouviram algo semelhante?! Epá, vocês são uns estraga-prazeres, uns bota-abaixo do caraças! Se um tipo não diz nada, está preguiçoso e não quer saber de vocês... e se tem um momento de iluminação vocês dizem que foi copiado?!! Chiça! Epa, talvez até seja, mas como vocês são visitas ouvem o que eu digo e pouco barulhinho... ainda acabam na rua! Até parecem a Senhora da Loja que se me vê bem disposto, diz que abusei do jameson..... E eu sem beber uma gota sequer da água irlandesa! Mau feitios, é o que vocês são todos!

Ok, já vos chamei nomes, já estou melhor eheheh. Voltando ao vício... aqui o Inquilino é um musico-dependente irrecuperável, o verdadeiro janado sem recuperação possivel. Nada a fazer, tenho mais músicas na tola e no peito que leis na República Tuga. Sou tipo vampiro musical, sugo tudo. Até à ultima gota! M-ú-s-i-c-a!!! Ai ai ai! Marotos! Depravados! Vá, estamos a falar de coisas sérias, de vicios.

Conheci recentemente (musicalmente) este bife cara-pálido, estilo acenourado, sem tiques de estrela. 
Ben Howard. 
E meus amigos, amigas e indecisos... Isto é alimento para a alma! O tipo não canta apenas... Transporta-nos, ficamos a flutuar em nossas emoções. É solidão e alegria tudo misturado numa simplicidade musical, sem grandes arranjos, acusticamente a tocar na alma. Brilhante, poderoso, tocante.

Os temas mais conhecidos Black Flies e Bones, são a porta de entrada para o vicio, a dose inicial, aquela que vicia. E depois queremos mais...muito mais. E Ben Howard dá-nos. Em quantidades brutais e maciças de talento. Sem overdoses. Não é aquele som cheio de arranjos em estúdio.... e se estão à espera de coreografias malucas ou videoclipes cheios de gajas com o cio, esqueçam! Voces clicam em Play, e são transportados para o mais longinquo, secreto e profundo dos mundos: a vossa alma! É a musica indicada para ouvir quando se viaja. Quer seja na estrada, quer seja pela vossa vida. Transporta-nos, mostra-nos os caminhos que tomámos e as alternativas. Com a alegria da descoberta, e a solidão do viajante. Sim, o viajante é uma alma solitária. Ninguém caminha por vocês... não se pagam promessas alheias... não se descobrem paisagens pelos os olhos de outros... não se caminha nos sapatos alheios.

Isto é luz e escuridão, alegria e solidão, é yn-yang em tons musicais. Numa voz poderosa, acompanhada por cordas hábilmente acariciadas como pele se tratasse. Letras cheias de metaforas, ritmo contagiante das batidas na guitarra... ritmo simples, funcional desde o principio dos tempos... ritmo do coração.

Apetece-me citar outra vez o tal fulano alemão que morreu maluco.

Não seremos todos?




- "Sem música, a vida não teria sentido"




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