A Cinderela e a Eurovisão
Uma das memórias mais marcadas e mais antigas que tenho da minha infância, é a primeira vez que me lembro de ver o Festival da Canção da Eurovisão! Ena!!!
Aquilo era um ritual! Mal começava a tocar aquele trecho sonoro inesquecível de ligação à rede de transmissões europeias, tudo parava! Os olhos arregalavam-se, os ouvidos amplificavam ao máximo aquele som em mono, cheio de estática e distorção sonora, e nem pio! Ai de quem interrompesse! Era mais sagrado que ir à missa! O Mundo entrava-nos televisão dentro em tons de cinza. Ou melhor, em tons azulados daquela tela que se punha em frente do ecrã. Meu pai dizia que era para se ver melhor e não fazer tanto brilho. Para mim era o melhor do mundo. O pai e a imagem. A vida era muito dificil, meus pais matavam-se a trabalhar e a improvisar para que não faltasse comida e se conseguisse juntar os escudos necessários para pagar ao senhor que estava a construir a nossa casa, lá naquele terreno onde não havia nada em volta... O que aquilo mudou, meus senhores! O meu senhorio é testemunha de tudo, conhece o local. Mas não é sobre isso que quero falar hoje... Não. Hoje é para regressar àquele quarto, uma familia de quatro a partilhar a mesma cama para que todos viajássemos para longe. Durante 2 horas nada mais existia, éramos de outro país, estávamos lá, aprendiamos e conheciamos terras que nunca pensávamos existir, linguas estranhas e esquisitas, gente que se vestia "mal", "sem gosto nenhum"... Eu queria lá saber das roupas! Aquilo era encantamento puro, era a minha maçã, o meu pecado original, a minha primeira janela para o mundo. E não, não havia Windows!
-" É agora! É agora que é Portugal!" E fazia-se silêncio. eram momentos eternos, mágicos. -"Está nervoso o rapaz"-dizia minha mãe referindo-se ao artuga cantante. -"deixem ouvir!", refilava a mana. E deixaram, para meu contentamento.
Foi a primeira vez que vi aquela face barbuda, aquela figura divertida que imediatamente se gosta. Não há como não gostar! Aquele olhar, aquele sorriso, só podia ser um grande cantor! E o ritmo?! O ritmo, meus amigos! Aquilo subia... sapateava... descia... aquilo era magnetismo puro! Para mim estava encontrado o vencedor!
-''Como se chama, pai?" - "Carlos Paião. Gostaste?" Nem foi preciso responder, vi logo pelo sorriso do meu pai que meus olhos deviam estar arregalados...
Escusado será dizer que os senhores que mandavam lá no Festival não percebiam nada de musica! O Play-back não ganhou ( injustamente! ), mas eu ganhei uma canção e um cantor para a vida!
Já em adulto aprofundei mais o pouco que sabia deste meteoro. Sim, meteoro! Daqueles que aparecem sem se saber de onde nem muito bem porquê, e desaparecem rápidamente. E pelo seu brilho, ninguém fica indiferente, ninguém esquece. E descobri que afinal por esse país fora, existiam mais crianças como eu que foram abençoadas pela sua música, que cresceram a ouvir os seus sons, as suas melodias. Carlos, perdão, Doutor Carlos Paião era licenciado em medicina, no tempo em que os médicos eram médicos por vocação. E até nisso foi um exemplo. "Prefiro sem um bom cantor que um mau médico", terá dito um dia. E foi feita a escolha. Para bem de nós, os adultos que há 3 décadas eram crianças.
E ele sabia bem falar às crianças. A todas, mesmo aquelas que trazemos bem dentro do peito e que tentamos a todo o custo esconder.
Cinderela... Quem nunca cantarolou isto? Quem nunca se recordou dos primeiros amores, do primeiro beijo, a maioria das vezes inocente, de tão crianças que ainda éramos?!
Ouvir isto é viajar no tempo, é voltar aos tempos de inocência, das brincadeiras com as primas, os amigos, as vizinhas, ou simplesmente quem encontrávamos na rua ou na casa de alguém. Cinderela é um hino à inocência, à pureza, e à mais transparente das emoções... o gostar de alguém. apenas porque se gosta. E sim, às primeiras "dores" de "amor! Era tão simples e bonito ser criança naqueles tempos! Não tinhamos Coca-cola, quanto mais Playstation... Brincávamos na rua, subiamos às árvores, jogávamos à bola, aquelas de borracha que teimavam em bater na porta do vizinho ou no vidro da loja, o que nos provocava "prolongamento" em casa, muitas vezes acompanhado do que se chama agora de "abusos corporais". Sujávamo-nos todos, bebiamos água do rio, comiamos com as mãos sujas e partilhávamos comida. E não, não se adoecia por isso. Bullying? Sim, sempre houve e haverá, não é por ser um termo todo bonito e importado que é novidade. Mas resolvia-se... Chamava-se o irmão ou o primo maior e a coisa sanava-se com 2 lambadões no focinho do mauzão e acabava logo ali. E depois iamos todos tocar às campainhas, como bons amigos que éramos.
Elas? Elas eram diferentes... Lá havia uma ou outra que gostava de alinhar nas nossas brincadeiras, mas as pikenas pikeninas eram esquisitas... Não tinham jeito nenhum para brincar... Só queriam era saltar à corda, jogar à macaca, vestir as poucas bonecas, e armarem-se em grandes. Não contem a ninguém, mas muita das vezes a minha única companhia de brincadeiras, era a filha da vizinha da frente. E lá ia eu brincar às casinhas, só para me entreter e saborear aquela coisa chamada fiambre, que no pão com manteiga, sabia tãooo bem! E acompanhada com aquele pó castanho que o pai da Aninhas comprava em Espanha, que se chamava Ovomaltine, e que punha o leite a saber a chocolate... MMMM! Eu bem dizia à minha mãe qual era a mercearia onde também havia o tal chocolate em pó, mas o sacana do senhor nunca tinha quando a minha mãe lá ia! O bandido só queria vender a funcionários publicos como os pais da Aninhas! De certeza que era isso!
Mas eu também brincava com ela pela companhia, claro. Nem tinha nada a haver com ter uma tv a cores e matraquilhos no quintal.E sem moedas! Também não havia muita escolha quando chovia... Nem de amigas nem de diversões ehehe. Tinhamos 2 canais de televisão e só dava bonecos ao domingo! Epa, ao domingo era para andar todo penteadinho, com a melhor roupa que tinhamos. Curiosamente, no final de cada domingo, minha mãe lembrava-me sempre que a roupa que eu estraguei custava muito a ganhar... e não havia cá marcas nem nada... era roupa dos familiares que cresceram e que ainda estava boa.
É, aos domingos doia-me sempre alguma coisa...
Ou era das jogatanas contra a equipa da Escola da Feira, ou era de andar à porrada, a testar a resistência da roupa porque eu não me calava nem baixava a bolinha aos matulões(ainda hoje, se tiver razão...), principalmente quando se metiam comigo (e eu era quase sempre o mais pequenino...), ou era de chegar a casa com a roupa "arejada e personalizada" e com o relato das tropelias já entregue aos ouvidos maternos... Pois, não sei bem explicar porquê, mas de repente minhas orelhas ficaram quentes...
Recordo-me particularmente de uma certa ocasião ir brincar aos rallyes para o ringue onde no verão havia futebol de salão. Num momento era o piloto de carro de rolamentos, no outro instante era saltador de barreiras, com minha mãe a ver se me apanhava... Claro que transformar um casaco de lã em sistema de travagem dos rolamentos traseiros, é mera coincidência... Aliás, acho até que nesse dia inventei o primeiro sistema de ABS! Mas minha mãe nao se comoveu com meu espirito inventor e durante uns belos tempos não sentei o rabinho noutro carro de rolamentos. Até porque ainda me doia o rabo! Mas justiça seja feita, eram merecidas... apesar de facilmente esquecidas.
Cinderela foi e é aprender a crescer, a descobrir e partilhar sentimentos, na sua maior pureza. E fui crescendo, mas com o tipo das barbas sempre por perto no ouvido. Sim, esse, o da Eurovisao!
E de repente, estou na pré-adolescência. Naquele tempo em que olhávamos para uma rapariga mais velha, e aquilo era beleza pura! não havia cá silicones, botox, plásticas, peelings ou outros embrulhos para embelezar a prenda. Ou se era bonita ou não era!
Aninhas tinha um estojo de maquilhagem da mãe. Enquanto eu tratava de desmontar irremediavelmente os brinquedos do irmão, ela encharcava a face das bonecas com maquilhagem e baton. Mais tarde descobri o sabor a baton... o cheiro a perfume... o calor dos rostos colados... o desejo.
Pó de Arroz é isto, o despertar suave para o corpo, o olhar para o espelho, ainda com a inocência por dentro, o pequeno acerto na obra perfeita. Porque a beleza é simplesmente simples. Não precisa de máscaras ou de armadilhas para cativar a presa. Basta aquele pequeno toque, aquele ingrediente secreto que nos prende e nos faz andar por perto.
Aninhas ficava diferente. Mais bonita ainda. Talvez fossem meus olhos que despertassem... ou da maquilhagem feita de tentativa e erro... ou eu estaria diferente tambem...
E depois descobri que Aninhas não era a única que se punha toda bonita ao espelho... Havia muita maquilhagem, muito baton, muito perfume no ar... Mas isso é outra historia, fica para mais tarde.
Se houve cantor que me marcasse na infância até chegar a adolescente, foi o Doutor Carlos Paiao. Cada vez que cruzo com suas músicas, regresso a esse tempo. E sorrio. Nostalgia pura!
Doutor, sei que preferia ser conhecido como o músico, que não gostava do Dr... Infelizmente nos dias de hoje estamos rodeados de Dr e Eng que nem tratam das dores, nem deixam obra, nem rasto de sua existência...
Foi a a alma criadora que desapareceu, o sorriso que deixou de encantar e cantar... mas foi e será sempre médico! Ainda hoje você trata dos nossos corações. E com muito talento.
Obrigado.
Aquilo era um ritual! Mal começava a tocar aquele trecho sonoro inesquecível de ligação à rede de transmissões europeias, tudo parava! Os olhos arregalavam-se, os ouvidos amplificavam ao máximo aquele som em mono, cheio de estática e distorção sonora, e nem pio! Ai de quem interrompesse! Era mais sagrado que ir à missa! O Mundo entrava-nos televisão dentro em tons de cinza. Ou melhor, em tons azulados daquela tela que se punha em frente do ecrã. Meu pai dizia que era para se ver melhor e não fazer tanto brilho. Para mim era o melhor do mundo. O pai e a imagem. A vida era muito dificil, meus pais matavam-se a trabalhar e a improvisar para que não faltasse comida e se conseguisse juntar os escudos necessários para pagar ao senhor que estava a construir a nossa casa, lá naquele terreno onde não havia nada em volta... O que aquilo mudou, meus senhores! O meu senhorio é testemunha de tudo, conhece o local. Mas não é sobre isso que quero falar hoje... Não. Hoje é para regressar àquele quarto, uma familia de quatro a partilhar a mesma cama para que todos viajássemos para longe. Durante 2 horas nada mais existia, éramos de outro país, estávamos lá, aprendiamos e conheciamos terras que nunca pensávamos existir, linguas estranhas e esquisitas, gente que se vestia "mal", "sem gosto nenhum"... Eu queria lá saber das roupas! Aquilo era encantamento puro, era a minha maçã, o meu pecado original, a minha primeira janela para o mundo. E não, não havia Windows!
-" É agora! É agora que é Portugal!" E fazia-se silêncio. eram momentos eternos, mágicos. -"Está nervoso o rapaz"-dizia minha mãe referindo-se ao artuga cantante. -"deixem ouvir!", refilava a mana. E deixaram, para meu contentamento.
Foi a primeira vez que vi aquela face barbuda, aquela figura divertida que imediatamente se gosta. Não há como não gostar! Aquele olhar, aquele sorriso, só podia ser um grande cantor! E o ritmo?! O ritmo, meus amigos! Aquilo subia... sapateava... descia... aquilo era magnetismo puro! Para mim estava encontrado o vencedor!
-''Como se chama, pai?" - "Carlos Paião. Gostaste?" Nem foi preciso responder, vi logo pelo sorriso do meu pai que meus olhos deviam estar arregalados...
Escusado será dizer que os senhores que mandavam lá no Festival não percebiam nada de musica! O Play-back não ganhou ( injustamente! ), mas eu ganhei uma canção e um cantor para a vida!
Já em adulto aprofundei mais o pouco que sabia deste meteoro. Sim, meteoro! Daqueles que aparecem sem se saber de onde nem muito bem porquê, e desaparecem rápidamente. E pelo seu brilho, ninguém fica indiferente, ninguém esquece. E descobri que afinal por esse país fora, existiam mais crianças como eu que foram abençoadas pela sua música, que cresceram a ouvir os seus sons, as suas melodias. Carlos, perdão, Doutor Carlos Paião era licenciado em medicina, no tempo em que os médicos eram médicos por vocação. E até nisso foi um exemplo. "Prefiro sem um bom cantor que um mau médico", terá dito um dia. E foi feita a escolha. Para bem de nós, os adultos que há 3 décadas eram crianças.
E ele sabia bem falar às crianças. A todas, mesmo aquelas que trazemos bem dentro do peito e que tentamos a todo o custo esconder.
Cinderela... Quem nunca cantarolou isto? Quem nunca se recordou dos primeiros amores, do primeiro beijo, a maioria das vezes inocente, de tão crianças que ainda éramos?!
Ouvir isto é viajar no tempo, é voltar aos tempos de inocência, das brincadeiras com as primas, os amigos, as vizinhas, ou simplesmente quem encontrávamos na rua ou na casa de alguém. Cinderela é um hino à inocência, à pureza, e à mais transparente das emoções... o gostar de alguém. apenas porque se gosta. E sim, às primeiras "dores" de "amor! Era tão simples e bonito ser criança naqueles tempos! Não tinhamos Coca-cola, quanto mais Playstation... Brincávamos na rua, subiamos às árvores, jogávamos à bola, aquelas de borracha que teimavam em bater na porta do vizinho ou no vidro da loja, o que nos provocava "prolongamento" em casa, muitas vezes acompanhado do que se chama agora de "abusos corporais". Sujávamo-nos todos, bebiamos água do rio, comiamos com as mãos sujas e partilhávamos comida. E não, não se adoecia por isso. Bullying? Sim, sempre houve e haverá, não é por ser um termo todo bonito e importado que é novidade. Mas resolvia-se... Chamava-se o irmão ou o primo maior e a coisa sanava-se com 2 lambadões no focinho do mauzão e acabava logo ali. E depois iamos todos tocar às campainhas, como bons amigos que éramos.
Elas? Elas eram diferentes... Lá havia uma ou outra que gostava de alinhar nas nossas brincadeiras, mas as pikenas pikeninas eram esquisitas... Não tinham jeito nenhum para brincar... Só queriam era saltar à corda, jogar à macaca, vestir as poucas bonecas, e armarem-se em grandes. Não contem a ninguém, mas muita das vezes a minha única companhia de brincadeiras, era a filha da vizinha da frente. E lá ia eu brincar às casinhas, só para me entreter e saborear aquela coisa chamada fiambre, que no pão com manteiga, sabia tãooo bem! E acompanhada com aquele pó castanho que o pai da Aninhas comprava em Espanha, que se chamava Ovomaltine, e que punha o leite a saber a chocolate... MMMM! Eu bem dizia à minha mãe qual era a mercearia onde também havia o tal chocolate em pó, mas o sacana do senhor nunca tinha quando a minha mãe lá ia! O bandido só queria vender a funcionários publicos como os pais da Aninhas! De certeza que era isso!
Mas eu também brincava com ela pela companhia, claro. Nem tinha nada a haver com ter uma tv a cores e matraquilhos no quintal.E sem moedas! Também não havia muita escolha quando chovia... Nem de amigas nem de diversões ehehe. Tinhamos 2 canais de televisão e só dava bonecos ao domingo! Epa, ao domingo era para andar todo penteadinho, com a melhor roupa que tinhamos. Curiosamente, no final de cada domingo, minha mãe lembrava-me sempre que a roupa que eu estraguei custava muito a ganhar... e não havia cá marcas nem nada... era roupa dos familiares que cresceram e que ainda estava boa.
É, aos domingos doia-me sempre alguma coisa...
Ou era das jogatanas contra a equipa da Escola da Feira, ou era de andar à porrada, a testar a resistência da roupa porque eu não me calava nem baixava a bolinha aos matulões(ainda hoje, se tiver razão...), principalmente quando se metiam comigo (e eu era quase sempre o mais pequenino...), ou era de chegar a casa com a roupa "arejada e personalizada" e com o relato das tropelias já entregue aos ouvidos maternos... Pois, não sei bem explicar porquê, mas de repente minhas orelhas ficaram quentes...
Recordo-me particularmente de uma certa ocasião ir brincar aos rallyes para o ringue onde no verão havia futebol de salão. Num momento era o piloto de carro de rolamentos, no outro instante era saltador de barreiras, com minha mãe a ver se me apanhava... Claro que transformar um casaco de lã em sistema de travagem dos rolamentos traseiros, é mera coincidência... Aliás, acho até que nesse dia inventei o primeiro sistema de ABS! Mas minha mãe nao se comoveu com meu espirito inventor e durante uns belos tempos não sentei o rabinho noutro carro de rolamentos. Até porque ainda me doia o rabo! Mas justiça seja feita, eram merecidas... apesar de facilmente esquecidas.
Cinderela foi e é aprender a crescer, a descobrir e partilhar sentimentos, na sua maior pureza. E fui crescendo, mas com o tipo das barbas sempre por perto no ouvido. Sim, esse, o da Eurovisao!
E de repente, estou na pré-adolescência. Naquele tempo em que olhávamos para uma rapariga mais velha, e aquilo era beleza pura! não havia cá silicones, botox, plásticas, peelings ou outros embrulhos para embelezar a prenda. Ou se era bonita ou não era!
Aninhas tinha um estojo de maquilhagem da mãe. Enquanto eu tratava de desmontar irremediavelmente os brinquedos do irmão, ela encharcava a face das bonecas com maquilhagem e baton. Mais tarde descobri o sabor a baton... o cheiro a perfume... o calor dos rostos colados... o desejo.
Pó de Arroz é isto, o despertar suave para o corpo, o olhar para o espelho, ainda com a inocência por dentro, o pequeno acerto na obra perfeita. Porque a beleza é simplesmente simples. Não precisa de máscaras ou de armadilhas para cativar a presa. Basta aquele pequeno toque, aquele ingrediente secreto que nos prende e nos faz andar por perto.
Aninhas ficava diferente. Mais bonita ainda. Talvez fossem meus olhos que despertassem... ou da maquilhagem feita de tentativa e erro... ou eu estaria diferente tambem...
E depois descobri que Aninhas não era a única que se punha toda bonita ao espelho... Havia muita maquilhagem, muito baton, muito perfume no ar... Mas isso é outra historia, fica para mais tarde.
Se houve cantor que me marcasse na infância até chegar a adolescente, foi o Doutor Carlos Paiao. Cada vez que cruzo com suas músicas, regresso a esse tempo. E sorrio. Nostalgia pura!
Doutor, sei que preferia ser conhecido como o músico, que não gostava do Dr... Infelizmente nos dias de hoje estamos rodeados de Dr e Eng que nem tratam das dores, nem deixam obra, nem rasto de sua existência...
Foi a a alma criadora que desapareceu, o sorriso que deixou de encantar e cantar... mas foi e será sempre médico! Ainda hoje você trata dos nossos corações. E com muito talento.
Obrigado.
Gostei muito do seu texto, simples, despretensioso e bonito. Uma viagem à infância e pré-adolescência com uma analogia interessante entre dois episódios que o terão marcado pela positiva de tal forma que desvaloriza algumas dificuldades que a vida então oferecia a muitas famílias o que hoje está novamente a acontecer o que eu não sei é se hoje as crianças e os adolescentes estão preparados para a adversidade e se irão guardar momentos mágicos como estes que aqui refere. Obrigada pela partilha, O Senhorio do Sotão.
ResponderEliminarMaria José
Muito agradecido pela sua visita, Maria José.
ResponderEliminarInfelizmente, terei de concordar consigo... Os tempos que se avizinham serão dificeis, e quando estas gerações pós-escudo forem confrontadas com as dificuldades, com a ausência, e sobretudo, com a falta de valores e referências... Isto já para não falar de (in)competências próprias e alheias. Foram quase 3 décadas de facilitismo, de quero, pago, posso e tenho. Sem esforço, sem mérito e sem controlo. Isto paga-se. Esperemos que seja o mais tarde possivel, mas a conta será apresentada.