Deuses, Argilas e outras Técnicas



“So you are existing here without even knowing “what is me.” This “me” is not a simple me. This “me” is the Ultimate. This same “me” which can make a banana into a human being also created the whole cosmic scape. It is not a different “me.” So, the choice is just this – either you can exist here just as a piece of creation or you can exist here as the very Creator himself.”
- Sadhguru



Tenho para mim, que, apesar do click inicial que desencadeia a vontade libertadora, a essência do processo criativo, para além de egoísta, assenta na solidão.

Mesmo rodeado da multidão de circunstancias e estímulos, o Sentir é algo individualizado, algo... único. Ninguém sente por alheios filtros, nem produz em “fábrica” emprestada. Somos a mescla da carga genética, do processo formativo da personalidade, e sim, do ambiente que nos rodeia... o que faz de cada um de nós, uma peça… original.

Somos o fruto e o produto final de uma miríade de coisas… e podemos ficar por aqui… ou não.

Talvez sintamos a necessidade de qualquer coisa que não conseguimos identificar, mas que nos falta… um pedaço que ainda não existe… ou simplesmente, libertar algo que, gerado lentamente em nós, precisa sair…

Algo novo.

Tu até podes pedir ajuda… usar materiais e ferramentas de outros, sugar emoções alheias, adicionar camadas de tinta debaixo do trivial jogo de sombras e luzes… mas se não fores tu e apenas, tu, sozinho, a pegar nisso tudo e criar algo diferente, algo… teu… tu não crias nada…

Apenas copias.
Como tantos outros.

Finalizada a cópia, ficarás por perto, colhendo louros pela tua técnica apurada e eficaz, satisfeito, confortavelmente fechado, completo e… acabado.

Mas terminado o processo, e apreciada a criatura, se sentires logo a fome, a falta…

Tu não copiaste e muito menos és o produto final…

Não…

Tu CRIASTE!
Foste momentaneamente um deus qualquer.
E como qualquer Deus, sentes-te sozinho…

Até pegares na argila e criar algo novo… algo que te faça companhia…

Nem que seja por uma efémera… eternidade.

Madrugada - Sirens (tradução) from Paulo Fernandes on Vimeo.

( belíssima criatura de Paulo Fernandes )

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