A Linha dos Sonhos e outras Matérias
No meu firmamento conto os sonhos...
Lá em cima, presos pelos fios do tempo e da oportunidade.
Quantos serão meus? Será que existe propriedade de sonhos? Com direito a um papel qualquer que ateste a posse?
Será que podemos dizer que os nossos sonhos nunca tocarão no sonho de alguém?
Será que o simples facto de sonhar... não terá custo? Um imposto qualquer que nos lembre o lado doloroso do sonho?
Serão os sonhos nada mais nada menos, que uma simples viagem?
Como tantas outras, com partida e chegada inevitáveis, com a paisagem a revelar-se perante os olhos, naquela sensação muito própria, em que nos sentimos lá, fazendo parte, mas sem qualquer poder para mudar o rumo, sem sair da linha do sonho, apenas esperando, observando... como um mero escrivão, registando os acontecimentos para memória futura, ou despertar violento.
Serão os sonhos um comboio?
Serei maquinista, passageiro... revisor... ou apenas um mero pendura à boleia de um sonho alheio? Saltarei em andamento, ficarei eternamente preso ao sonho, chegarei ao meu destino, ou o estraga-prazeres que questiona alguém pelo direito a sonhar?
Desconfio que os papéis mudam conforme a carruagem do sonho.
Sim, talvez seja isso...Talvez o comboio dos sonhos seja um conjunto de sonhos dispares que se prendem por um acontecimento comum qualquer, qual matéria negra que une as galáxias.
Talvez os sonhos sejam isso... aquela matéria negra invisivel que não conseguimos definir, mas sabemos, sentimos que existe, que une tudo desde o Big Bang inicial.
Talvez o céu não seja o limite, mas apenas a partida e chegada dos sonhos.
O firmamento é enorme...tem tanto espaço para além do que consigo ver. Ou sentir. Ainda.
Ainda...
Talvez ter os pés assentes na terra seja a minha corrente, a minha trela, a minha prisão. Olho de baixo para cima, esmagado pelo o que ainda não vejo...
Mas sei que está lá.
E isso... isso eu sinto.
E sonho.
Nota de rodapé sobre a decoração musicada: Calatrava ( o nome da música ) é uma antiga ordem militar e religiosa criada pelo antigo Reino de Castela, sediada junto ao rio Guadiana, na cidade Calatrava. Consta que a Ordem de Avis foi fundada por monges oriundos desta Ordem. Também é o nome de um famoso arquitecto espanhol, Santiago Calatrava, cujas obras estão espalhadas pelo mundo inteiro. Entre elas está a nossa Gare do Oriente, terminal e interface ferroviário e rodoviário, situado no Parque das Nações, local de partida e chegada para muitos sonhadores.
"Mas sei que está lá.
ResponderEliminarE isso... isso eu sinto.
E sonho."
Quero acreditar que sim... Talvez por isso ainda sonho.