Frutos e outras cegueiras colhidas na neblina
Nada mais em redor parece importar... ou existir.
Tu queres, tu precisas colher o fruto, tirá-lo da árvore. Aqui e agora!
Teus sentidos ignoram totalmente tudo o resto.
Apenas sentes a humidade na pele quente, o saborear da casca despida do supérfluo...
Mordiscas levemente... sentindo a forma, a textura, o gosto, com teus lábios.
Mordiscas levemente... sentindo a forma, a textura, o gosto, com teus lábios.
Gostas.
Queres mais... trincas uma e outra vez, em busca da semente escondida... até nada mais restar que cascas espalhadas, ramos cansados, enterlaçados, extenuados.
E um sorriso enorme.
Sabes que não durará para sempre... mais tarde ou mais cedo terás fome... Mas sinceramente, isso não te preocupa.
Tu espalhaste a semente que colheste.
O sol que penetra agora na neblina, tratará do resto, não é o teu papel, não cabe a ti decidir se vai crescer, ficar forte... e dar frutos. Tu apenas observas, vais regando, tentando manter as raizes frescas... e esperas...
Esperas que venha um daqueles dias de nevoeiro.
Comentários
Enviar um comentário