A dança dos dias ausentes
E na dança procuras o calor ausente, aquele contacto da pele, qualquer que seja, uma pele alheia... que te faca sentir completa.
Sim, completa...
Porque os teus limites só são limites quando tocam nas fronteiras de outros.
Tocas no teu corpo. acaricias a tua pele... Como fosses a outra pele que viaja na tua. Reconheces tuas rugas, tuas cicatrizes...
Talvez a dança e seus rodopios te toldem o raciocinio.
Talvez entres num êxtase qualquer que te eleve e transborde do teu corpo.
Talvez te vejas a ti mesma, dançando...
Lembras o seu calor, mimetizas o toque, mordes os lábios ausentes, degustas a sua boca nas tuas memórias.
E rezas, imploras... para que a musica não termine... para que possas continuar a dançar...
Talvez o canto o atraia.
Talvez teus dotes de sereia o encantem. Mais uma vez.
Talvez ele ali esteja, sentado... naquele teu sofá, com o copo na mão, apreciando teus movimentos...
Talvez sintas o seu braço rodear tua cintura... o arrepio de sua barba por fazer na tua nuca... o gosto a whisky nos teus lábios...
Mas tens medo.
Preferes não abrir os olhos.
E danças.
Porque na dança tu vives!
29 de maio, Dia Mundial da Dança.
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