A água que bebemos do piano.


Aqui no Sotao a música sempre foi aquele ombro, aquele abraço, o amigo que nos conforta e abriga quando tudo desaba.

   

Mais que isso, passou a ser fonte de inspiração, tinta na caneta, letra na tecla. 

Tecla... esse prolongamento do dedo, essa ponte entre o que nos vai na alma, que está cá dentro, lutando para sair... e o texto.

É... os pianos têm teclas... esse instrumento tão másculo, tão imponente, que consegue ser violento e suave, agudo, grave... ali, à espera que alguém o acaricie ou martele na fúria do momento. 

Sim, o piano é um instrumento, uma ferramenta. 

Faz o que melhor sabe fazer: exprimir sentimentos, contar histórias. Admiro muito sinceramente quem consegue passar para aquele pedaço de madeira, metal e plástico, toda uma panóplia de sentimentos. Porque o piano, o piano é como uma fonte. Está lá, mas perde todo o sentido se não tiver água a jorrar de suas entranhas. E a água tem que seguir seu curso, faz o seu próprio caminho. Flui. A fonte apenas a canaliza, orienta em determinado sentido... Apenas a contém enquanto ela precisar do seu abraço. Sim, aqui no Sótão adoramos piano. Não que não gostemos doutros instrumentos, nada disso! 

Mas o piano... 

O piano é aquela fonte onde nos saciamos quando temos sede, quando estamos secos e vazios... 

A principal inspiracao aqui do Inquilino, aquele abraço que liberta desabafos. Ele sabe ouvir-nos. Percebe exactamente o que sentimos. 

Ter alguém que nos perceba, é meio caminho para conversas francas e abertas.

Sem querer, e num momento mais frágil (como em todas as coisas marcantes que nos acontecem na vida), descobrimos uma fonte lindissima! Beber daqui tem sido muito inspirador... viciante mesmo. 

Piano. Como ele sabe ser. 

É todo um circuito de energia dificil de explicar... porque piano é sentimento. Quem gosta de piano sabe do que estamos a falar. Aquela essência entra-nos pelos ouvidos, toca-nos a alma, carrega-nos a pilha... 

E emitimos, soltamos energia, sentimo-la a vibrar por dentro, revolver gavetas, abrir baús, libertar memorias, extrapolar sensações e sentimentos. 

Ficamos cheios. Demasiado preenchidos. Algo tem que sair... algo tem que ser feito. As mãos, aquelas mesmas mãos que escreveram pautas, as mãos que usaram martelos, as mãos que tocaram piano... escrevem. Ao som do piano. Fecha-se o ciclo.

Este catraio italiano, é um encantador de almas. Tem que se ter um coração do tamanho do mundo para tanto talento. Deve ser terrivel lidar com tanta inspiração em plena juventude. 


Grazie Mille, TheRickymh!







Comentários

Mensagens populares