A Viagem de Pan

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Música. Já lá vamos, deixem que partilhe algo convosco.

Pan é o deus grego dos bosques e florestas, protector da vida selvagem que aí habita, e principal responsável pela palavra Pânico. Dizia-se que quem tentasse atravessar uma floresta durante a noite, sentiria um medo atroz só de imaginar cruzar-se com Pan.
Pan significa "Tudo" e está ligado aos impulsos e desejos carnais, animalescos, que todos nós temos (mas procuramos esconder e/ou negar na "noite" dos nossos pensamentos), à lúxuria, à natureza, raíz e fertilidade. Seus infortúnios amorosos estão na origem e desaparecimento da Flauta de Pan (7 canas, 7 notas musicais). Sim, é um deus boémio associado à dança e música.

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Música.
Há um estranho magnetismo na música... podes não saber quais as musas, quais os motivos e razões para alguém criar uma melodia... mas se tu gostas do que ouves, sinceramente nem precisas saber muito mais. Sentes que te faz bem, que te entra pelos ouvidos e toca-te na alma. Muda teu estado de espírito, conforta tuas dores, incentiva-te no esforço e decisão... leva-te.

Sim, leva-te.
Segues o ritmo. Morfinado ou eléctrico, com doses alternadas, misturadas, de serotonina, endorfina ou adrenalina. Por vezes até te esqueces que respiras, que tens um corpo e gente em volta. Porque a música toca nos teus biorritmos mais básicos, alterando tua respiração, ritmo cardíaco e humor.
Música é o teu corpo ancestral a dançar contigo, tuas emoções a fluir soltas, sem o freio da racionalidade ou limites sociais.

Este é um dos temas que mais gosto. Da sonoridade e da letra que convida a uma viagem pela noite dos nossos medos, a aceitar-mo-nos como somos. Tal como diz o autor, Mike Scott, quando questionado sobre este tema: "Todos temos Pan dentro de nós. Então, o Pan interior é aquela parte de nós que contém a ancestral força fundadora da vida".
"Descer", tal como Pan, da "superioridade elitista do Olimpo", da segurança da racionalidade e regras sociais, para viajar nesse mundo interior que tanto nos assusta, mas que todos ansiamos alguma vez conhecer.

A música é um dos caminhos para essa viagem interna. Os mantras e ladainhas religiosas não são nada mais que isso, música... a frequência certa para nos tocar na alma.

Como o conseguir? Façam o que Mike Scott diz...

"And all we gotta do is surrender"








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