Sapatos e Outras Escolhas
Rita tinha um par de sapatos e uma escolha por fazer.
Perdida, na terra de ninguém, algures entre a doce ilusão do sonho, e as consequências da escolha.
Rita já tinha um sonho e normalmente isso chegava-lhe. Mas por vezes... por vezes havia dias em que acordava do lado de fora do sonho. E não é nada fácil estar acordada vendo outros sonhar. Poderia tornar reais o sonho de alguém... mas e ela? E a ela, quem faria o mesmo por ela?
Rita não via grandes chances
de o seu sonho tornar
realidade... mas era tão
Não que fossem muito
realidade... mas era tão
bommm, tão doce, quando
sonhava!
Rita tinha um par de sapatos
Rita tinha um par de sapatos
mágicos.
Não que fossem muito
diferentes dos outros... nem sequer eram de uma daquelas marcas caras que todos escolhem para mostrar que são diferentes no meio do mesmo rebanho. Não... uns sapatos comuns na aparência, confortáveis e perfeitos para qualquer ocasião.
Mas não apenas.
Eram os seus maiores confidentes.
Era com eles que Rita vestia o mercúrio da vida atarefada e agitada que tinha. Nunca tinha tempo para nada! Era neles que as lágrimas se precipitavam quando a dor era insuportável e já não conseguia ser contida nos lábios mordidos... o olhar franzido cedia o lugar ao mar preso entre pálpebras pesadas. Eram aqueles que usava quando o fogo do desejo incendiava a sua pele... eram aqueles que no final de mais um dia, dormiam no abrigo do seu quarto e assistiam ao seu sonho... noite após noite.
É... Rita tinha um belo sonho e uma janela que deixava passar a lua.
Mas a lua... a lua não nos desperta como o sol. Não nos queima mal ousamos abrir os olhos.
Poderia ficar ali, de olhos fechados, nos seus passos controlados, recolhendo pequenas coisas, pequenos afectos e outros restos, na sombra...Ou correr em direcção da parede.
Talvez a parede ficasse imóvel, impávida e fria... testemunha atroz do esmagamento final da sua vontade.
Talvez a parede a acolhesse no abraço pretendido, desejado e realizado. Seria o tijolo que faltava, o elemento final que complementa o todo. Seria... óptimo!
Talvez Rita tivesse mesmo medo de ser... feliz, e perder tudo outra vez.
Perdida entre a segurança ilusória do sonho e a dolorosa memória do vazio, com o céu mesmo ali em frente. Trindade perfeitamente imperfeita. Sem porta de entrada ou saída de emergência.
É... Rita tinha um par de sapatos e uma escolha por fazer.
E isso não é nada fácil!
Mas não apenas.
Eram os seus maiores confidentes.
Era com eles que Rita vestia o mercúrio da vida atarefada e agitada que tinha. Nunca tinha tempo para nada! Era neles que as lágrimas se precipitavam quando a dor era insuportável e já não conseguia ser contida nos lábios mordidos... o olhar franzido cedia o lugar ao mar preso entre pálpebras pesadas. Eram aqueles que usava quando o fogo do desejo incendiava a sua pele... eram aqueles que no final de mais um dia, dormiam no abrigo do seu quarto e assistiam ao seu sonho... noite após noite.
É... Rita tinha um belo sonho e uma janela que deixava passar a lua.
Mas a lua... a lua não nos desperta como o sol. Não nos queima mal ousamos abrir os olhos.
Poderia ficar ali, de olhos fechados, nos seus passos controlados, recolhendo pequenas coisas, pequenos afectos e outros restos, na sombra...Ou correr em direcção da parede.
Talvez a parede ficasse imóvel, impávida e fria... testemunha atroz do esmagamento final da sua vontade.
Talvez a parede a acolhesse no abraço pretendido, desejado e realizado. Seria o tijolo que faltava, o elemento final que complementa o todo. Seria... óptimo!
Talvez Rita tivesse mesmo medo de ser... feliz, e perder tudo outra vez.
Perdida entre a segurança ilusória do sonho e a dolorosa memória do vazio, com o céu mesmo ali em frente. Trindade perfeitamente imperfeita. Sem porta de entrada ou saída de emergência.
É... Rita tinha um par de sapatos e uma escolha por fazer.
E isso não é nada fácil!
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