A Costela Perdida


Quando Adão perdeu a tal costela, algo desapareceu no processo. Ficou o vazio... o pilar, o manto que envolvia e aquecia o seu coração... já não estava lá. 

E agora?

Quem escutaria, quem alimentaria, quem daria o ritmo às batidas do seu coração? Faltava o eco, a caixa de ressonância, a voz melódica e envolvente que o acalmava nos momentos em que as Fúrias o atormentavam.

Desenhou pautas, pôs notas em crescendo e piano, transferiu para o papel e para os ouvidos aquelas ondas de calor, aquelas doces e suaves curvas que o atraíam tanto... aquele abrigo, aquele colo onde repousava a cabeça e se se sentia menos frágil. Tentou copiar o som, a fala, o calor, que a sua voz lhe transmitia, o abraço envolvente onde se sentia em casa e parte de um todo maior.

Adão era forte... mas até os fortes conseguem olhar para dentro... e dentro, dentro faltava algo. Adão não possuia a capacidade de gerar vida e de a alimentar no seu peito. Apenas copiava, tentava imitar e reproduzir no ouvido, o que perdeu. Mesmo não sabendo lá muito bem o que era...

Procurou na música aquilo que apenas Eva tinha. É... Foram tantos a procurar na música...





Fugaz conforto . Terminada a melodia, o vazio regressa.

Falta aquela coisa, aquela substância, aquela essência que ele não percebe lá muito bem como funciona, mas que quer tanto, mas tanto, ter por perto.

É.. Eva é MULHER. E isso não se constrói. copia ou imita. 



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